terça-feira, 8 de março de 2011

Respiração e Mergulho Livre

Um dos fatores mais relevantes no desempenho do mergulhador livre é a respiração. Uma correta técnica de respiração, além de gerar uma boa troca gasosa entre oxigênio e gás carbônico, aumenta a concentração do mergulhador, elevando sua capacidade de manter-se em apneia.
Para respirar corretamente é necessário conhecer os processos fisiológicos da respiração:
1. Composição do ar atmosférico
a. O ar que respiramos, ao nível do mar, possui a seguinte composição aproximada: 21% de oxigênio (02); 0,03% de gás carbônico (CO2); 79% de nitrogênio (N2).

2. Vias respiratórias
a. O ar entra pelo nariz ou boca, passa pela faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, para só então chegar aos alvéolos; onde ocorre a troca gasosa com o sangue. Basicamente sai CO2 e entra O2.

3. Oxigênio, Gás carbônico e Nitrogênio
a. O oxigênio inspirado passa para o sangue através dos alvéolos, as unidades básicas da árvore respiratória. Carreado pelas hemácias (células vermelhas do sangue), o O2 chega a todas as células, onde é utilizado para geração de energia. Um dos resíduos da utilização do oxigênio é o Gás carbônico, que em excesso pode literalmente causar uma intoxicação do organismo.
Imagem: http://www.respireeviva.com.br/

b. O Gás carbônico faz o sentido inverso do oxigênio, isso é, “sai” dos órgãos e tecidos para ir em direção aos alvéolos, onde deve ser eliminado pela expiração.
c. O Nitrogênio não tem participação direta no metabolismo corpóreo, ele apenas entra e sai do organismo. MAS ATENÇÃO, PARA OS MERGULHADORES SCUBA! O NITROGÊNIO TEM PAPEL FUNDAMENTAL NA DOENÇA DESCOMPRESSIVA.

4. Trocas gasosas na respiração
a.  Os gases, O2, CO2 e N2, saem dos alvéolos para o sangue e vice versa de acordo com um processo de difusão simples. Em outras palavras, o gás sai do local em que está mais concentrado para o local em que está menos concentrado. Exemplo: na inspiração, o ar que entra tem mais oxigênio que gás carbônico; já o sangue, por sua vez, está com uma concentração de gás carbônico maior que a de oxigênio. Isto faz com que o oxigênio do ar migre para o sangue e o gás carbônico do sangue migre para o interior do pulmão. Isto continua ocorrendo até que as concentrações no ar pulmonar e no sangue fiquem “iguais”. Com a expiração, o CO2 do ar pulmonar é eliminado, e após nova inspiração o ciclo se repete.
5. Trocas gasosas em apneia
a.  Quando em apneia o pulmão e as vias respiratórias tornam-se um reservatório de ar. Nesse estado, as trocas gasosas continuam ocorrendo enquanto não se respira. No entanto, isso só ocorre até que haja o equilíbrio das concentrações: o CO2 do sangue passa para o ar pulmonar até que a sua quantidade seja igual nos dois meios (sangue e ar pulmonar); ao atingir este equilíbrio, o CO2 começa a ser acumulado no sangue e consequentemente nos órgãos e tecidos (HIPERCAPNEMIA). O mesmo ocorre com o oxigênio: ele passa ao sangue até que sua concentração se iguale nos dois meios, gerando HIPÓXIA. A partir daí os órgãos e tecidos passam a utilizar outra fonte para produção de energia, bem menos eficiente, diga-se de passagem.

Observação: as informações contidas neste texto são simplificadas, com o objetivo de facilitar o entendimento destes processos aos leigos na fisiologia. Caso exista necessidade de um entendimento mais pormenorizado se faz necessária a leitura de literatura médica especializada.
Postado por: Ricardo Bormann

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